sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Socializar por aí...

Crónica

“A primeira condição para se escrever com estilo é ter alguma coisa para dizer”, esta citação é atribuída a Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do séc. XIX que ficou mais conhecido pelo seu pessimismo. Ora eu não sou capaz de escrever com estilo, mas sou capaz de tentar expressar o meu sentimento relativamente à cidade que me viu nascer. Eu sou de Faro, a terra do meu pai, a terra dos meus irmãos, a terra dos meus filhos. É verdade, nasci em S. Francisco, mesmo junto à Vila-a-Dentro, a cidade que os árabes vão reconstruir, sob o comando de Al -Yamani, já lá vão cerca de mil e duzentos anos. Faro é uma cidade com uma História riquíssima, que antes de ser Faro já foi santa Maria de òssonoba, santa Maria Ibn Harun. Já no tempo de D. Afonso Henriques, segundo reza a História, Al-Idrissi, geógrafo árabe ao serviço do Rei de Palermo, em visita de espionagem ao Gharb, descrevia a cidade de Santa Maria do Ocidente como de tamanho mediano e muito bonita onde o mar batia nos seus muros. E houve invasões e Ossónoba continuou a ser a mais importante localidade do extremo sudoeste da Península Ibérica. E depois, em 1249 Faro é conquistado por D.Afonso III, que lhe outorga Carta de Foral em 1266 e a faz cercar de fortes muralhas. E houve mais invasões, em 25 de Julho de 1596 quase foi destruída pelo conde de Essex e pelos seus três mil homens, no séc. XVIII voltou a sofrer com os terramotos de1722 e de 1755. E como se não bastasse, em 1808 foi ocupada pelas tropas de Napoleão, comandadas por Junot, mas a exemplo de muitas outras povoações do Algarve, revoltou-se e expulsou o invasor. Esta é a nossa cidade, capital do Algarve que está no coração de todos os farenses. Para Kierkergaard, filósofo dinamarquês do século XIX, conhecido como"pai" do existencialismo, a vida só pode ser compreendida olhando para trás; mas só pode ser vivida olhando para a frente. Nós, farenses, estamos apostados em andar para a frente, mas sem esquecer um passado do qual muito nos orgulhamos. Há que elevar a nossa auto-estima e homenagear todos os farenses que ao longo dos séculos têm amado e sofrido por esta cidade, quer tenham nascido em Faro quer tenham adoptado esta cidade como sua. Foi nesta cidade onde nasci que me fiz pessoa, foi no largo de S.Francisco, onde passei grande parte da minha infância, que aprendi a sentir os cheiros da maresia e a ver as primaveras a nascer. Já passaram algumas décadas e ainda consigo imaginar como era o Largo de S.Francisco, com o movimento de militares no R.I.4 e os desafios de futebol, chegava a haver 5 jogos em simultâneo. Ao escrever este texto, ao recordar o passado, as pessoas da minha terra, as brincadeiras, o largo de s. Francisco, o cais neves pires, o cais novo, a doca, a ponte, a Sé, a escola, o liceu, o campo dos blocos, o campo dos marinheiros, estádio de S. Luís, a RAF, o Farense, os bairros de São Pedro, Alto Rodes, Alto da Caganita, B. João, S.Luís, os Moinhos, as Pontes de Marchil, a Praia de Faro, o Montenegro, sinto-me contagiado por uma alegria própria de quem AMA a sua Terra. Viva Faro.

Na minha cidade há um poema em
cada viela, praça, rua, beco,
avenida, alameda. Em cada canto,
em cada olhar. Nas montras, nos reclamos
luminosos. Um verso explode nos
carros, nos autocarros, nos comboios.
Há um poema porque há vida.
Há gente que nas mãos traz o futuro,
traz o sonho, a esperança, o sentimento.
(Xavier Zarco)

Esta crónica foi lida no programa de 15/1/09 pelo Prof. Joca

1 comentário:

Anónimo disse...

E assim perceberão o meu amor por vila real, porque tambem esta me viu nascer e crescer, e nela sinto os cheiros, lembro as brincadeiras e revivo a alegria de amar alguma coisa!!! E como percebo esse amor pla terra que é nossa!
Fá =))