Crónica
Festejou-se mais um 1º de Maio marcado pela crise económica e pelo pavor provocado pela gripe suína. Foi a celebração do Dia do Trabalhador, num tempo de crise, em que, cada vez mais, há pessoas sem razão para festejar esta data, por estarem desempregadas, face à crise em que vivemos. Dizer crise é dizer progressão de incertezas. Se os profetas podem profetizar e os videntes podem ver, os diagnosticadores já não são capazes de diagnosticar. Edgar Morin, no livro As grandes questões do nosso tempo (1999) referia que “O presente está em risco. O planeta vive, cambaleia, gira, arrota, é sacudido por soluços e peida-se sem se preocupar com o futuro”(p. 49). De facto, nós, não nos podemos alhear do que se passa à nossa volta se queremos compreender o nosso tempo e o nosso mundo. Apesar de bombardeados por tanta informação sobre a crise, sobre a gripe dos porcos, sobre o desemprego, sobre a violência, a verdade é que os media, por vezes, em vez de esclarecimento parecem provocar é desorientação e confusão. Mas isto não quer dizer que não vivamos um tempo de profundo desconforto sobre o que está a acontecer um pouco por todo o mundo e, em particular, em Portugal. Estamos numa espiral negativa provocada por excessos, por ganância, por corrupção, por incompetência dos “nossos” políticos que não foram capazes de evitar a situação de instabilidade económica, financeira, social porque estamos passando… uns mais que os outros, estou a referir-me ao número de desempregados que cresce assustadoramente no nosso país e, consequentemente, aos milhares de pessoas que continuam, dia após dia, a engrossar as fileiras dos pobres em Portugal.
Aproxima-se um tempo de eleições, o que devemos esperar?… a desilusão é tão grande que temos dificuldade em acreditar que tenhamos políticos capazes de tomar as decisões certas e urgentes para mudar o rumo dos acontecimentos. A desconfiança é grande porque alguns dos “nossos” políticos parecem ser unicamente motivados pela ambição, pela sede de poder, em vez, da dedicação à comunidade, ao desenvolvimento, à justiça social, à vontade de construir um “mundo” mais equilibrado e justo.
Voltando a Edgar Morin e ao seu livro As grandes questões do nosso tempo (1999), o autor referia que o mais impressionante em política é o desvio da acção pois todas as artes têm produzido maravilhas, só a arte de governar parece produzir apenas monstros. António Aleixo, o “nosso” poeta popular algarvio mais carismático, famoso pela sua ironia e pela crítica social, dizia num dos seus versos “ E vós que do vosso império, prometeis um mundo novo, cuidado que pode o povo, querer um mundo novo a sério”. A verdade é que a culpa não pode morrer solteira, os “nossos” futuros governantes não podem continuar com promessas eleitoralistas e dar-nos mais do mesmo, deixando que continuemos na mesma ou ainda pior. Uma última referência a Edgar Morin que referia no seu texto Rumo ao Abismo, que o caos em que a humanidade corre o risco de mergulhar comporta, ainda, uma última oportunidade, pois, quando um sistema é incapaz de resolver os seus problemas vitais, ou se desintegra, ou, então, é capaz de transformar-se num metasistema mais rico, capaz de buscar soluções para esses problemas. Essa terá que ser a nossa esperança, não o abismo, mas uma mudança de paradigma, uma mudança ao nível da acção política, ao nível de políticos mais competentes, com outra mentalidade, inspirados na justiça social, na dedicação à causa pública, às pessoas, a uma nova realidade social, económica, financeira, cultural. Temos que acreditar que a mudança é possível, mas, para tal, será importante o nosso compromisso com a mudança, participando… como podemos e sabemos.
Joca
Festejou-se mais um 1º de Maio marcado pela crise económica e pelo pavor provocado pela gripe suína. Foi a celebração do Dia do Trabalhador, num tempo de crise, em que, cada vez mais, há pessoas sem razão para festejar esta data, por estarem desempregadas, face à crise em que vivemos. Dizer crise é dizer progressão de incertezas. Se os profetas podem profetizar e os videntes podem ver, os diagnosticadores já não são capazes de diagnosticar. Edgar Morin, no livro As grandes questões do nosso tempo (1999) referia que “O presente está em risco. O planeta vive, cambaleia, gira, arrota, é sacudido por soluços e peida-se sem se preocupar com o futuro”(p. 49). De facto, nós, não nos podemos alhear do que se passa à nossa volta se queremos compreender o nosso tempo e o nosso mundo. Apesar de bombardeados por tanta informação sobre a crise, sobre a gripe dos porcos, sobre o desemprego, sobre a violência, a verdade é que os media, por vezes, em vez de esclarecimento parecem provocar é desorientação e confusão. Mas isto não quer dizer que não vivamos um tempo de profundo desconforto sobre o que está a acontecer um pouco por todo o mundo e, em particular, em Portugal. Estamos numa espiral negativa provocada por excessos, por ganância, por corrupção, por incompetência dos “nossos” políticos que não foram capazes de evitar a situação de instabilidade económica, financeira, social porque estamos passando… uns mais que os outros, estou a referir-me ao número de desempregados que cresce assustadoramente no nosso país e, consequentemente, aos milhares de pessoas que continuam, dia após dia, a engrossar as fileiras dos pobres em Portugal.
Aproxima-se um tempo de eleições, o que devemos esperar?… a desilusão é tão grande que temos dificuldade em acreditar que tenhamos políticos capazes de tomar as decisões certas e urgentes para mudar o rumo dos acontecimentos. A desconfiança é grande porque alguns dos “nossos” políticos parecem ser unicamente motivados pela ambição, pela sede de poder, em vez, da dedicação à comunidade, ao desenvolvimento, à justiça social, à vontade de construir um “mundo” mais equilibrado e justo.
Voltando a Edgar Morin e ao seu livro As grandes questões do nosso tempo (1999), o autor referia que o mais impressionante em política é o desvio da acção pois todas as artes têm produzido maravilhas, só a arte de governar parece produzir apenas monstros. António Aleixo, o “nosso” poeta popular algarvio mais carismático, famoso pela sua ironia e pela crítica social, dizia num dos seus versos “ E vós que do vosso império, prometeis um mundo novo, cuidado que pode o povo, querer um mundo novo a sério”. A verdade é que a culpa não pode morrer solteira, os “nossos” futuros governantes não podem continuar com promessas eleitoralistas e dar-nos mais do mesmo, deixando que continuemos na mesma ou ainda pior. Uma última referência a Edgar Morin que referia no seu texto Rumo ao Abismo, que o caos em que a humanidade corre o risco de mergulhar comporta, ainda, uma última oportunidade, pois, quando um sistema é incapaz de resolver os seus problemas vitais, ou se desintegra, ou, então, é capaz de transformar-se num metasistema mais rico, capaz de buscar soluções para esses problemas. Essa terá que ser a nossa esperança, não o abismo, mas uma mudança de paradigma, uma mudança ao nível da acção política, ao nível de políticos mais competentes, com outra mentalidade, inspirados na justiça social, na dedicação à causa pública, às pessoas, a uma nova realidade social, económica, financeira, cultural. Temos que acreditar que a mudança é possível, mas, para tal, será importante o nosso compromisso com a mudança, participando… como podemos e sabemos.
Joca
[esta crónica foi lida no programa de 7/4]
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