Centro Comunitário Horta da Areia:
Quebrar Barreiras
É relevante referir que a comunidade da Horta da Areia é constituída por um conjunto de 60 famílias, cerca de 250 pessoas, de diferentes etnias, visto ser composta por ciganos, africanos e lusos. O bairro divide-se em três zonas, de acordo com o tipo de construções: o bairro de alvenaria, o de chapa e o de madeira.
O Centro Comunitário Horta da Areia constitui uma das valências da Fundação António Silva Leal (FASL). Esta Fundação foi criada em 1993, em Lisboa, onde está sedeada. Com duração ilimitada, é uma instituição de solidariedade social, sem fins lucrativos. Desde a sua existência que tem vindo a criar delegações a nível nacional, nomeadamente nas cidades de Coimbra, Leiria, Lisboa, Seixal, Albufeira e Faro.
A FASL, com o nome do seu mentor, actua nas mais diversas áreas, ao nível da acção social, apresentando como principais objectivos a protecção em situações de pobreza, o apoio às famílias desagregadas, às vítimas da violência doméstica e à problemática da toxicodependência. De uma forma geral, dedica-se aos casos de risco existentes na sociedade actual, onde estão também inseridos os idosos e deficientes, não desprezando a problemática do desemprego e do abandono escolar. Tem como principal preocupação a prestação de cuidados e apoio domiciliário aos mais desfavorecidos.
Possuidora do lema “O essencial é invisível aos olhos”, a FASL dispõe de várias valências que se encontram localizadas nos pontos onde as carências são assinaladas, e articula parcerias com organismos capazes de colmatar as situações de carência. Actualmente conta com mais de 300 profissionais, nas mais diversas áreas técnicas e logísticas, e cerca de 2000 utentes beneficiados.
Assim, e tentando corresponder aos objectivos gerais da Fundação a que está agregado, o Centro Comunitário Horta da Areia presta apoio aos mais variados níveis, como por exemplo o apoio social integrado, apoio educativo e médico. Possui ainda uma forte articulação com o Centro Distrital de Segurança Social, com a autarquia e com a freguesia onde está situado, possuindo autonomia. Tentando colmatar algumas das necessidades sociais e educativas existentes no bairro, presta apoio à inclusão, à educação, à formação profissional, ao emprego e no acesso à protecção social. Desta forma, o Centro integra um Gabinete de Apoio Social Integrado (GASI), um Atelier Sócio-Educativo (ASE) e uma Loja Comunitária (LC, antigo Banco de Roupa), três serviços distintos e complementares. Em 2005, foi posto em marcha o Posto Médico (PM), através do projecto Médicis, um projecto de parceria entre o Centro Comunitário e o Centro de Saúde de Faro. Possui também toda uma dinâmica com vista a facilitar a interacção da comunidade com a restante sociedade.
Faz todo o sentido realçar o apoio que a Fundação António Silva Leal presta ao Centro Comunitário, disponibilizando técnicos habilitados, bem como a estrutura imóvel instalada na própria comunidade; como também verificar a articulação desta Fundação com a rede social já existente. O trabalho realizado por ambas as partes, em conjunto, funciona como uma mais valia para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas.
Importa salientar também as actividades das parcerias do Centro: a Biblioteca Municipal de Faro, o Museu Arqueológico Municipal, disponibilidade de utilização do Estádio Municipal Horta da Areia (para a prática de actividade física e também para o banho), a articulação com o Centro Distrital de Segurança Social, para garantir os Rendimentos Sociais de Inserção, das parcerias com o Instituto de Emprego e com a Direcção Regional de Educação. O Centro conta igualmente com o apoio da Junta de Freguesia da Sé.
Numa primeira fase do nosso trabalho, realizámos um diagnóstico, de forma a conseguir detectar as reais necessidades da comunidade, na qual nos inserimos. Feito o diagnóstico procedemos, então, à realização do projecto intitulado “Quebrar Barreiras”, onde constam os objectivos que nos propusemos alcançar e o plano de actividades e recursos de que necessitaremos para a sua consecução. Através de actividades de trabalhos manuais, acções de sensibilização (sobre temáticas como a saúde, alimentação e segurança), visionamento de filmes e outros meios demonstrativos da cultura local, pretende-se, principalmente, criar uma maior auto-estima e autonomia dentro da comunidade, estimulando o convívio, o diálogo e a partilha.
Tivemos como objectivo, desde o início, perceber o verdadeiro contributo do Centro Comunitário instalado na comunidade. Para tal, foi importante conhecer as pessoas; neste caso o “estar no terreno”, foi fundamental para melhor entender o seu funcionamento e o seu “modus vivendi”. Foi imperioso perceber as interacções e o tipo de relações existentes entre as pessoas.
Sublinhamos que o objectivo do nosso trabalho é aproximarmo-nos o mais possível quer das expectativas das pessoas, quer dos técnicos do Centro, quer ainda da nossa própria vontade de implementar algo de novo, que possa efectivamente contribuir para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas.
Enquanto futuras educadoras sociais, consideramos fundamental apoiar esta população na melhoria da sua qualidade de vida quotidiana, mas pensamos ser igualmente importante despertar para outros horizontes que possam surgir, mediante a aprendizagem de novos hábitos e formas de estar.
Paula Braz e Liliana Lopes
(A Voz de Loulé, 15 Março 2008)
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