Crónica
A mesma determinação
Perante a situação de afronta em que vivemos é imperativa uma mobilização em massa, tal como aconteceu nos anos 60. Esta geração precisa de ter a mesma coragem e determinação que levou Amílcar Cabral a abandonar a profissão de engenheiro, depois de anos de formação, para liderar a luta contra o colonialismo. Precisamos deste espírito patriótico, que tantos outros camaradas tiveram, para liderar uma mudança progressista que o país tanto reclama. Não se trata de mudar apenas porque sim, mas com base num projecto colectivo e participado por todos.
34 Anos depois da independência da Guiné-Bissau, tudo correu mal e com tendência a piorar.
É com profunda tristeza que assistimos hoje, coisa que nunca fez parte da nossa história, a tanta insinuação, tanta má fé, tanto oportunismo acerca de uma das nossas maiores riquezas, a nossa diversidade étnica. Nunca houve problemas étnicos no país, sempre convivemos e coabitamos o mesmo espaço, partilhamos os mesmos sofrimentos e as mesmas alegrias do nosso Carnaval e da nossa “ fera de bande”. A Guerra civil de 1998 foi tão claro quanto isso, houve, como sempre, uma solidariedade fora de comum entre os Guineenses refugiados por todo o interior do país.
Com dor na alma assistimos a degradação exponencial de todos os sectores chaves do país: educação, saúde, agricultura, etc., sem que ninguém se preocupasse.
Daí que a juventude tenha um papel fundamental a jogar. Temos de ser sujeitos desta mudança, lutar pela preservação desta riqueza e sem tréguas lutar para que cada guineense seja respeitado e possa viver em paz independentemente do seu estatuto social. Isso sim, deve ser o nosso conceito de desenvolvimento: um conceito centrado no Homem e não no material, um conceito baseado na tolerância e justiça social, não na vingança e impunidade.
João Luís Mendes
(Presidente da Secção Autónoma dos Estudantes Africanos)
[esta crónica foi lida pelo autor no programa do dia 2/4]
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